terça-feira, 13 de dezembro de 2022

A Felicidade e a Tristeza na Copa do Mundo

 


Todo esporte sempre trás essa dicotomia: a alegria de poucos e a tristeza de muitos. Na Copa do mundo por exemplo: 32 seleções começaram a fase de grupos, para no final apenas uma única delas ser a vencedora. 31 seleções ficaram pelo caminho, 31 países, 31 sonhos e milhões de pessoas.  

Assim é o esporte competitivo: ele é uma máquina de moer pessoas e moer sonhos para promover a vitória de alguns poucos. 

Derrotas são mais comuns do que vitórias. Fracassos são mais prováveis do que sucessos. E isso é algo péssimo: os atletas treinam incansavelmente, sofrem pressão, depositam esperanças e criam uma expectativa gigantesca de resultados positivos. Quando isso não acontece o que vem? derrota, tristeza, frustração, mágoa. E não apenas para os atletas: todos os torcedores também entram nessa espiral negativa. 
 
Esta é a realidade de qualquer esporte: sempre há mais perdedores do que vencedores, sempre há mais lágrimas de tristeza do que de alegria.

A eliminação do Brasil para a Croácia deixou isso claro: antes, era a seleção alegre, feliz e entrosada que brincava e dançava. O povo brasileiro também estava embalado: eram as batucadas do Olodum, eram os ridículos bonecos de Olinda, eram centenas de pessoas aglomeradas em frente a um telão, eram bares lotados, eram famílias inteiras reunidas. Tudo isso converteu-se em uma amarga desilusão.

A propósito, antes que eu me esqueça: O Brasil mal saiu da pandemia e os ridículos brasileiros ainda continuam se aglomerando. É impressionante a capacidade desse povo de não aprender nada. 



No esporte as coisas podem mudar totalmente em um piscar de olhos. No jogo contra a fraquíssima Coréia do Sul era o Brasil quem dava risadas e dançava. No jogo seguinte, a alegria se transformou em um choro amargo. 

Eu jamais gostaria de ser um esportista. Um jogador de futebol sofre com constantes lesões, pode romper ligamentos, pode bater a cabeça, sofre assédio, sofre pressão, não tem muito espaço para a vida pessoal  e como se isso tudo não bastasse ainda está sujeito a essa montanha russa de emoções: quando eles vencem, estão no céu. Quando são derrotados, caem no inferno. Quando possuem um bom desempenho a impressa publica notas maravilhosas, mas quando o desempenho cai, é uma avalanche de críticas. A mesma população que enaltece esses jogadores é a mesma quem fará críticas pesadas e cruéis quando eles não vencerem. A única razão para suportar tudo isso são os altíssimos salários, caso contrário, ninguém teria motivação para ser jogador.

Ninguém aprende absolutamente com a derrota. Caso contrário, os jogadores não se desmanchariam em lágrimas. Isso é o que acontece quando você persegue a vitória de maneira obcecada: você fica cego e quando a realidade não corresponde aos seus desejos vem a inevitável tristeza. 

No entanto, não devemos nos envolver com a tristeza desses jogadores. Eles não perderam nada, foi apenas uma partida. A vida deles ainda é a mesma e os contratos com os seus respectivos clubes ainda é o mesmo. É apenas uma derrota do ego. Será um trofeuzinho a menos na estante, será um dinheirinho a menos na gorda conta corrente, será um carrinho de luxo a menos na frota de carros e será um espacinho a menos na mídia para contar vantagem e se sentirem superiores. 

É isso aí: quem vence se sente superior ao derrotado, e podem negar isso, mas é por pura hipocrisia. Vitórias, troféus e premiações são presentes para o ego. O choro é a constatação de que o ego não vai ser presenteado.

Se você acha que os jogadores estão chorando por pensar na população brasileira você só pode ser maluco ou ingênuo. 

Não caia no erro de comparar as derrotas de moleques ricos e mimados com a de pessoas comuns. Se algo vai mal em sua carreira isso pode significar perder seu trabalho e comprometer a sua fonte de renda. Dependendo da pessoa, isso pode representar um desastre familiar. Isso sim é uma tristeza legítima, pois você está sendo impactado de uma maneira muito negativa. Isto não é o que acontece com jogadorezinhos que apesar de ter a nacionalidade brasileira gostam mais de representar clubes europeus. A grande maioria do elenco da seleção brasileira não joga e muito menos mora no Brasil: vivem no exterior, atuam no exterior e de vez em nunca estão no Brasil. Talvez voltem pra cá quando não tiverem mais utilidade alguma para os europeus, aí podem despejar os restos aqui no nosso país. Eu vou reverenciar esses caras? eu vou ficar com pena de um chorinho de 15 minutos? jamais. 

Será que a seleção vai aprender com os erros? E daí? aprenderam com os erros de 2006? com os erros de 2010? com os erros de 2014? com os erros de 2018? Esqueça, não espere por eles, não crie expectativas, não embarque nessa montanha russa de sentimentos onde em um momento você está super feliz e em outros momentos você está extremamente desapontado. 

Futebol é uma péssima fonte de felicidade. Seja o seu clube ou seja a seleção brasileira: você terá mais momentos de tristeza muito mais frequentes que os momentos de felicidade. 

Mesmo que o Brasil seja campeão em 2026: Você esperou 24 anos para isso, valeu a pena? Você gosta de sofrer? 

Eu não sei você: mas a última coisa que eu desejo é depositar a minha felicidade em circunstâncias das quais eu não possuo nenhum tipo de controle. Quer torcer, que torça. Mas não fique se acabando por causa disso.