terça-feira, 8 de setembro de 2009

Pastor manda diabética parar com remédios e ela morre

Morte de evangélica investigada
Família denuncia que diabética parou de tomar remédios orientada por pastor e morreu dias depois, em Caxias

POR GERALDO PERELO, RIO DE JANEIRO

Rio - Policiais da 59ª DP (Duque de Caxias) investigam a denúncia de que a dona de casa Maria das Graças Oliveira Daniel, 53 anos, moradora do bairro Parque Lafayete, morreu após ter sido induzida há 15 dias por um pastor evangélico a largar o medicamento que usava para controlar a diabetes. Ela passou mal na sexta-feira passada, foi socorrida no Hospital Municipal Moacyr do Carmo, em Caxias, mas não resistiu e morreu no sábado.

O delegado Antônio Silvino, da 59ª DP, abriu inquérito por denúncia de charlatanismo e homicídio culposo contra o pastor de uma igreja evangélica no bairro Itatiaia, em Caxias. Segundo parentes, ela foi orientada pelo pastor a jogar fora o remédio que usava porque bastaria ter fé para ser curada.

“Minha mãe saiu carregada nos braços”, se queixou Anderson Oliveira Daniel, 28 anos, filho de Maria das Graças. O pastor negou as acusações. Disse que não conhece a mulher e estranhou o fato de a família não procurá-lo antes.

Viúvo acredita que mulher foi vítima de curandeirismo

Para o viúvo de Maria das Graças, o auxiliar de serviços gerais Pedro Daniel Filho, 49 anos, sua mulher foi enganada pelo pastor durante uma cerimônia de curandeirismo. Já a irmã da dona de casa, Rachel Ferreira de Oliveira, 31, o pastor teria pedido à Maria das Graças que fizesse exame uma semana após a suspensão do medicamento para que pudesse comprovar o que dizia. “Minha irmã jogou tudo fora e deu no que deu”, disse.

O endocrinologista Sérgio Blumenberg, do Hospital dos Servidores do Estado, explicou que são comuns casos em que pacientes suspendem medicamentos sem orientação médica. “Muitas vezes, as pessoas têm que tomar três medicamentos e tomam só um, achando que é o suficiente”, revela. Segundo o médico, em alguns casos, a decisão pode resultar na morte do paciente.

Fonte: O DIA ONLINE